no silêncio da noite, fecho os olhos e dou por mim a voar. deitada sobre os lençóis vou deslizando as minhas pernas suavemente deixando que o teu cheiro me enlouqueça, e me dê asas.
sinto o calor no meu coração, parece que a chama que se tinha apagada com os temporais voltou a acender-se.
abri os olhos, muito devagar. fui sorrindo e abrindo como quem conta os segundos de uma vida.
dei contigo ali, a meu lado, no teu maior sono. cheguei-me para bem perto de ti, passei-te a mão entre os cabelos, e perdoa-me porque sei que detestas que te faça tal gesto, mas o meu coração queria sentir a sua textura. dou-te um beijo nesse pescoço pálido que ecoa no vazio deste quarto, que nos acolhe nas noites mais cheias de amor e por fim, entrelaço os meus dedos sobre os teus fechando os meus olhos, mas desta vez num ápice, como a rapidez de um pensamento.
aperto-te essa mão suave com força, e deixo que me tomes conta do meu pensamento. solto as promessas que ao longo dos tempos vamos soprando e deixo-me amar-te, cada vez mais e mais.
tento que ninguém saiba, mas torna-se tão impossível, que nem o medo de tropeçar e não conseguir subir a montanha mais alta não é nada em comparação ao sentimento que me fazes despertar.
e agora? deixo-me cair da montanha ou deixo-te dar-me asas para voar?
no silêncio deste quarto, dei-te a resposta, fechando os olhos e sussurrando às paredes que te adoro e cada vez preciso mais de ti, assim a meu lado.
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